Ship of fools. É o que cantava a embriagada voz do Mr. Morrison quando subi a bordo. Não de um navio. De um ônibus. Com um único tolo. Eu. O corredor vazio. Os bancos também. A cabeça cheia. A humanidade estava desaparecendo, ele dizia. O que diria ele se soubesse que ela continua? Todo dia. Todo o tempo.
Nos bares, os copos se levantam como troféus ao fim do campeonato. As luzes natalinas reluzindo insistentes por entre as folhas rememoram, é dezembro. O campeonato chega ao fim novamente. E no fim, só o que resta é o que já foi. O que não foi. E o que não será. O saldo de gols não foi dos piores, nem tampouco, o melhor que poderia ser. Muitas bolas-fora. Muitas faltas. Quase expulsões. E algumas marcas. Muitas delas, na verdade. Mas uma vida sem marcas é como uma tela sem tinta. Um violão sem cordas.
Nos bares, os copos se levantam como troféus ao fim do campeonato. As luzes natalinas reluzindo insistentes por entre as folhas rememoram, é dezembro. O campeonato chega ao fim novamente. E no fim, só o que resta é o que já foi. O que não foi. E o que não será. O saldo de gols não foi dos piores, nem tampouco, o melhor que poderia ser. Muitas bolas-fora. Muitas faltas. Quase expulsões. E algumas marcas. Muitas delas, na verdade. Mas uma vida sem marcas é como uma tela sem tinta. Um violão sem cordas.
No bolso, nenhum centavo. Na memória, valiosas lembranças. Enquanto isso, a viagem segue. As últimas páginas de outro livro. Uma pausa no trecho que diz: "Eu não queria aquela vida, queria uma vida diferente". Outra curva. Outra rua vazia e escura. À direita, outro bar, cheio de pessoas celebrando a alegria de não saber. Não saber que não é real. Que amanhã o efeito passa e o vazio retorna.
Desembarcar nunca é tão bom quanto deveria ser. Tão próximo de casa. Tão longe de mim. A mesma rua que já viu o pó, já viu o sangue e já viu de tudo. A mesma rua de ontem, e de anteontem. E de sempre. A essa altura quem me acompanha é Mr. Plant. Incrível como 12 anos não mudaram em nada a sensação de euforia, que hoje eu chamo nostalgia, ao ouvir aquela voz. A mesma que eu sentia ao assistir os trechos de "The Song Remains The Same" na MTV. E tudo acaba. Até a MTV acabou. Chego em casa ao som de Fool in the rain. Outra canção sobre tolos. Sobre tolos felizes à procura de outra dose. Sem coincidências. Sem destino. Só o acaso. E logo antes do refrão, outra verdade: "Os pensamentos de um tolo são desatentos/ Eu sou um tolo esperando na esquina errada". Mas tudo se desfaz, com a melhor recepção do mundo. De quatro patas, de pé no portão, já me espera. Tamanha alegria que eu nem sei retribuir. Lambidas e mordidas de leve. Muito mais do que eu mereço. Muito mais do que eu espero. Mais uns passos e pronto. Do portão para a cama, e de lá já não importa. Onde quer que a madrugada me leve. Tão leve quanto um tolo pode ser.
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